” Uma decisão recente de nossa U.E.R. (Universidade Louis Pasteur) resolveu manter, para 1977, as verbas afetas às “excursões” no orçamento anterior, enquanto a soma total das verbas que nos atribuem diminui, pois é preciso defender o franco… Na realidade, a manutenção dos fundos nominais enquanto todos os preços aumentam significa uma diminuição do poder de compra. Todavia, nossa decisão manifesta uma orientação metodológica, a afirmação de uma política científica e pedagógica: a miséria em meio à qual procuramos trabalhar, seja como for, assume graus diversos, e nós queremos que o trabalho de campo sofra menos do que outras atividades. Trata-se, portanto, de uma escolha. Será que ela se justifica? De que maneira?
Antes de mais nada devemos justificar o lugar que o campo ocupa no desenvolvimento do conhecimento, o que nos leva a definir sua posição metodológica. Por sua vez essa posição metodológica, uma vez definida, implica uma determinada concepção do trabalho de campo que possa associar-se a ela numa dialética. Mais ainda: disso tudo decorre uma orientação pedagógica destinada a permitir aos jovens a aquisição do manejo dessa dialética nas melhores condições possíveis. (…)”
Tricart, Jean O Campo na Dialética da Geografia – Revista do Departamento de Geografia, 19 (2006) 104-110.